domingo, 25 de outubro de 2009

REVOLTA DO MAL-AMADO

FICHA DO JOGO

(Clicar no quadro para ampliar)

Mais um jogo incaracterístico do FC Porto, que acusou em demasia a falta de criatividade do seu meio-campo e simultâneamente a falta de espaços que os estudantes impuseram aos tetracampeões nacionais, trazendo a lição bem estudada a povoar bem o seu meio-campo, tapando todos os espaços.

Disto resultou uma primeira parte medíocre, sem inspiração, desastrosa no capítulo das transições e até desesperante no que diz respeito à qualidade do passe e do domínio da bola. Os azuis e brancos tiveram muita posse de bola perfeitamente inócua. O primeiro remate aconteceu aos 40 minutos, ilustrativo das dificuldades encontradas. Nesse período, Meireles, Hulk, Mariano, Falcao e Rodriguez nunca descobriram forma de se libertarem do espartilho estudantil. A lesão de Fucile, aos 4 minutos em muito terá contribuído para o marasmo em que caiu a partida, pois Sapunaru não conseguiu dar profundidade ao jogo portista.

No segundo tempo o Professor demorou a tomar decisões, embora me parecesse que os Dragões trouxeram uma nova atitude. Aos 58' Farías rendeu Rodríguez, o que motivou um coro de assobios por parte de alguma massa associativa, mas a verdade é que tal alteração mexeu com o desempenho global da equipa. Mariano foi ocupar o seu lugar natural na ala direita, Hulk derivou para a esquerda e Farías fez companhia a Falcao na frente de ataque.

O futebol portista ficou mais fluído e perigoso. Aos 64' Hulk disparou ao poste. Já antes Mariano tinha deixado dois defensores para trás em jogada espectacular para logo de seguida fazer um centro disparatado... à Mariano.

Mas sairia da cabeça do «afilhado» o desbloqueio deste jogo. Meireles marcou um canto na direita, Rui Nereu defendeu para a frente e Mariano, à entrada da área cabeceou para o fundo das malhas. Estava finalmente aberto o caminho do triunfo.

Mariano empolgado, ainda estaria na jogada do segundo golo, obtido dois minutos depois. Cruzamento da direita, Orlando falha, a bola chega a Farías que com raro sentido de oportunidade atirou a contar.

Quando parecia que o jogo estava resolvido, eis que a Académica numa reacção interessante, reduz o marcador com um golaço de Miguel Pedro num tiro de fora da área.

O jogo ficou endiabrado e Falcao teve tudo para fazer o golo após assistência de Hulk. Falhanço incrível! Foi Farías ao acorrer rápido a um passe magistral de Guarín que voltou a repor a diferença no marcador (3-1).

Não há fome que não traga fartura! Depois de uma primeira parte sem golos, a segunda foi fértil!

A Académica, que afinal não viera só para defender, logrou marcar um segundo golo já em tempo de descontos.

Foi um jogo complicado com duas partes distintas. A primeira onde não houve futebol e a segunda em que a equipa deu uma pálida imagem das suas capacidades. Marcou três golos mas sofreu dois, demonstrando alguma intranquilidade. Jesualdo queixou-se do cansaço e da inexperiência de alguns jogadores.

Num jogo destes não é fácil fazer destaques, no entanto, arrisco evidenciar a revolta de Mariano, a quem tenho feito criticas justificadas. Faço-o não pela qualidade evidenciada neste jogo, que a meu ver esteve próxima da vulgaridade, mas pela importância da abertura do marcador e da assistência para o segundo golo. Farías merece-o também pelos golos que marcou e pelo perigo que a sua ação causou na defensiva estudantil.





8 comentários:

dragao vila pouca disse...

Só vou dizer o seguinte: não há tolerância e paixão que resistam a tantas exibições medíocres. Digo-o com a autoridade de ser um portista de sempre e para sempre, dos tempos bons, dos tempos maus e não só do futebol.

Um abraço

Lino S. Babo disse...

É constrangedor ouvir a “massa assobiativa” quando o que era preciso era apoiar sem reservas e ajudar com isso a resolver a complicada situação que nos colocou a Académica. Perto de meio plantel, ou esta no estaleiro, ou tem treinado aos soluços, devido as ausências nas varias selecções. Não pode haver milagres na gestão de tais problemas, só depois de os reconhecer jogo a jogo, e entrar em cena a experiência do professor Jesualdo é que as coisas correm melhor. Ontem correndo o risco evidente (4-2-4) da substituição do Rodriguez e do Meireles é que foi possível quebrar aquela muralha, e o mal amado do Mariano desatar o ferrolho, mas como seria de esperar corríamos o risco de contra-ataques mais perigosos.
Os aplausos tardios da “massa assobiativa” têm todo o ar de madalenas arrependidas.
Obrigado pelos três pontos, Professor!

Pedro Rocha disse...

Concordo com a intervenção do dragão vila pouca. De resto gostaria de acrescentar que não acredito que a lesão do Fucile tenha interferido muito com o desenrolar do jogo. Tudo bem que ele é dos poucos que ainda vai correndo, mas penso que a sua ausência não serve para justificar muita coisa. Em relação ao minuto 58, se o resultado tivesse sido outro as reacções pós jogo seriam diferentes. Por uma questão de coerência devo dizer o que penso, e o que penso é que Jesualdo inventou e de que maneira nesse instante.
Abraço

Vitor Daniel disse...

Se continuarmos assim Adeus ao Titulo isso é garantido... precisamos de mais atitude, muitos dos jogadores mostraram que parecia que o jogo já estava ganho antes de começar e no fim enganaram-se todos, meus amigos ACORDEM e joguem á bola!!!!

Um abraço, http://varanda-do-dragao.blogs.sapo.pt

6012 - Azul desde 1971- disse...

Mal amado...mas não por mim! Eu julgo que há aqui uma influência nefasta dos resultados de outras equipas. Mas o que é certo, é que o Porto sempre pautou pela indiferença do mundo ruidoso à sua volta e sempre caminhou com objectivos e muito focado! Deixem o Porto jogar.
Há que dar algum tempo...vá falem baixinho e assobiem menos.
Viva o FCPorto

6012 - Azul desde 1971- disse...

E parabéns pelo blogue! Está muito bom! ,-)

Anônimo disse...

terça-feira, 27 de Outubro de 2009
O cabo das tormentas

«Rodríguez está em plena pré-época, mas tem de a cumprir num período repleto de competição. Em suma, tem muito jogo e pouco treino (...). Mesmo assim, é difícil exigir nível máximo a um jogador que já enfrentou lesões em ambos os joelhos e que só cumpriu 20 sessões de treino sem quaisquer limitações num total de 101 possíveis. Tudo isto é agudizado por constantes viagens para a América do Sul (...). Rodríguez não tem sequer 500 minutos nas pernas e de azul e branco só fez 6 dos 9 jogos que soma esta época. (...) Entretanto, acelera no Olival para voltar a ser desequilibrador na faixa, formando com Hulk e Falcão o ataque há tanto prometido.»
in Record, 24/10/2009


«Pelo menos até agora, Jesualdo Ferreira nunca conseguiu ter à sua disposição aquele que parece ser o seu "onze". Ou falta Hulk por estar castigado ou falta Rodríguez por lesão ou não conta com Fernando por castigo ou não pode utilizar Belluschi por lesão. E para complicar, também lhe faltam Varela e Valeri e Orlando Sá e Tomás Costa para compensar as ausências dos titulares.»
Jorge Maia, O JOGO, 24/10/2009


Antes da largada para a longa viagem que é a época futebolística 2009/10, o comandante da nau azul-e-branca viu partir para outras paragens três dos seus elementos mais capazes – Cissokho, Lucho e Lisandro – e, no caso da dupla argentina, não será exagero dizer que eram dos navegadores mais experientes e que foram pilares fundamentais de epopeias anteriores, nomeadamente na conquista do Tetra aos “mouros” e nas batalhas com as principais potências europeias.

No total saíram 9 e entraram 11 novos marinheiros (!) e, estava a armada portista em ensaios para treino da nova tripulação e já as maleitas afectavam vários deles, com destaque para a baixa prolongada de Rodriguez.

Também há que contar com o Adamastor e com as forças ocultas que manobram nos bastidores. Ainda se via o porto de partida e logo na primeira etapa Hulk era vítima de um inédito castigo, só regressando às lides na quarta etapa da viagem.

Depois vieram mais e mais lesões (no último desafio eram sete!), ao ponto do comandante nunca ter tido à sua disposição a tripulação completa e, inclusivamente, obrigando-o a recorrer a iniciados nas artes de navegar. Todos fazem falta mas, neste domínio, têm sido particularmente sentidas as ausências de Silvestre Varela, Belluschi e agora também de Fucile.

Em paralelo, todos os meses a tripulação portista tem sido desfalcada dos seus marinheiros internacionais, os quais se têm ausentado e estado várias semanas ao serviço dos seus países. Também neste aspecto os dragões têm sido, de longe, os mais afectados entre as naus portuguesas. Para o comprovar basta verificar o que se passou na última jornada dupla das competições de países, em que o comandante Jesualdo ficou praticamente duas semanas sem 10 tripulantes, oito dos quais são titulares habituais - Helton, Fucile, Rolando, Bruno Alves, Álvaro Pereira, Meireles, Rodriguez e Falcao (a estes juntaram-se Beto e Guarin).

É verdade que a navegação tem tido alguns zig-zags e a velocidade não tem sido a ideal, mas convenhamos que, nestas circunstâncias, e em tão pouco tempo não é fácil integrar 11 elementos novos e construir uma tripulação coesa com os necessários entendimentos e mecanizações. Seja como for, nada está perdido (longe disso) e, inclusivamente, o cabo Bojador (conquista da Supertaça) já foi dobrado com sucesso.

Enfim, espero que este conjunto de contrariedades, um verdadeiro cabo das tormentas, seja rapidamente ultrapassado e que a nau portista, comandada pelo timoneiro Jesualdo, entre em águas mais calmas, num rumo seguro em direcção aos destinos pré-definidos: os oitavos da LC e a reedição do penta-campeonato.
In reflexãoportista

ninja disse...

Mau jogo que valeu pelos 3 pontos...Mariano em grande e a calar quem o assobiava.

Abraços